Por Minha Receita
Corpo médio? Taninos suaves? Final persistente? Diante de uma prateleira com dezenas de garrafas, sem tempo (ou paciência) para decifrar safras, uvas ou terroirs, muita gente acaba escolhendo o vinho pelo instinto – o que quase sempre significa pelo rótulo. Agora, um levantamento mostra que esse gesto aparentemente aleatório pode, sim, fazer sentido – ao menos quando há animais na garrafa.
Publicado pelo site The Pudding, o estudo analisou cerca de 1.500 vinhos com diferentes bichos no rótulo. Cruzando dados de preço e avaliação de usuários do popular app de avaliação Vivino, em que são atribuídas notas de 1 a 5 estrelas, os pesquisadores quiseram entender se dá para identificar um bom negócio — isto é, rótulos mais baratos do que o padrão e com nota acima da média.
O resultado? Um mapeamento inusitado (e surpreendentemente útil) de quais bichos indicam boas compras – e quais terminam em mico.
Peixes: campeões do custo-benefício

Entre os grupos analisados, os peixes lideram com folga: quase 25% das garrafas com peixe no rótulo foram classificadas como bons negócios. Em geral, são vinhos brancos, leves, ideais para frutos do mar e dias quentes — e frequentemente subestimados. O estudo sugere que, apesar de discretos, esses rótulos escondem boas surpresas a preços acessíveis, com avaliações acima da média.
Pássaros: bons, bonitos e baratos

Na sequência, vêm os pássaros — especialmente os menores e mais delicados. Com preço acessível e notas geralmente superiores a 4 estrelas, os vinhos com aves estampadas têm boa aceitação entre iniciantes e costumam aparecer em linhas que prezam por frescor e leveza. Além disso, muitos desses rótulos apresentam uma estética charmosa, o que os torna campeões de prateleira.
Répteis e anfíbios: a armadilha da ousadia

Na outra ponta, vinhos com répteis e anfíbios — como sapos, cobras e lagartos — foram os que mais decepcionaram. Só 5% das garrafas com esses animais foram consideradas um bom negócio. Embora os rótulos chamem atenção pelo fator inusitado, o conteúdo geralmente custa mais do que entrega. Muitos desses vinhos têm apelo irreverente, mas pecam em consistência ou qualidade.
Felinos: charme com preço salgado

Felinos — incluindo gatos, tigres e leões — aparecem com frequência nos rótulos e tendem a evocar sofisticação. O preço médio dessas garrafas, no entanto, está acima da média geral e, apesar da imponência visual, menos de 10% foram consideradas bons negócios. São vinhos que se posicionam entre os mais “instagramáveis”, mas nem sempre entregam uma experiência memorável pelo investimento financeiro.
Mitológicos e exóticos: o fator fantasia

Embora representem uma minoria, animais mitológicos — como unicórnios, dragões e criaturas estilizadas — geralmente aparecem em rótulos voltados para públicos mais jovens e curiosos. O estudo mostra que esses vinhos, embora visualmente chamativos, raramente se destacam em nota ou preço. Ainda assim, tendem a ser os mais compartilhados nas redes sociais.
Um bicho é melhor que nenhum
O estudo também comparou vinhos com e sem animais no rótulo. A conclusão foi inesperada: vinhos com animais, no geral, custam menos e têm a mesma média de nota (4 estrelas) que os demais. Ou seja: quando a dúvida for grande e o tempo for bem curto, pode confiar: é melhor apostar em um bicho qualquer do que em uma imagem minimalista ou abstrata.
Manual prático
Um resumo para escolher seu vinho usando o animal do rótulo como critério:
- Custo-benefício: peixes e pássaros lideram em boas compras.
- Imagem e impacto: felinos impressionam, mas custam mais.
- Alerta vermelho: sapos e cobras são os vilões da lista.
- Visual divertido: unicórnios e dragões pontuam baixo, mas viralizam.
- Instinto animal: Vinhos com animais no rótulo custam, em média, menos que os sem.
- Palavra final: O rótulo pode te guiar, mas a melhor escolha ainda é aquela que combina com o seu gosto.
Boas compras – e tintim!